sábado, 16 de abril de 2011

O sol de minha vida

por Beth Valentim em 13/04/2011 15:24 Nas esquinas senti a virada do corpo fazendo um movimento diferente. Algo de novo surgia e toda vez que dobrava a rua, percebia o sol brilhar em meu rosto… O coração palpitando e o ser em fogo clamando por socorro. O tempo todo a intrusa memória do passado que ficou para trás queria voltar, as lembranças dilatavam meu peito e queria dormir para sempre. Logo depois de um amanhã vi o meu rosto tranqüilo. Deixei de lado as lágrimas e a chama acesa que vibrava quando sentia a saudade de um amor desqualificado, perturbador e sem censuras. E também as desfeitas que sofri, maus tratos e desavenças. Vim de longe. Tentei tantas saídas e enfrentei desertos. Encontrei oasis e bebi de fontes cristalinas. Deixei cair a torrente da cachoeira bela sobre a carne viva para poder cicatrizar. Vivi memórias, subi colinas, escorreguei de cima das embrulhadas que fiz com o destino. Cai de quatro, arrastei as pernas e finalmente segui em frente. Hoje o sol em minha vida é o escudo principal, primordial. O brilho que afaga a existência de uma mulher que procura o sucesso. Ah, o sucesso de estar por cima, de dizer não a todas as emboscadas que têm o melado do tom dos outros dias. A voz do eco de coisas que me foram felizes, mas eu não quero mais estar por essas subidas e descidas de conflitos e tristezas…jamais. Senti frio em uma das esquinas. Em outra o vento forte deixou as minhas coxas de fora. No meio da multidão de mais uma delas perdi um pedaço de mim, mas encontrei outro - O talento de não ser mais carente e sim ser decente. Alguém superior que não fica na barra da saia do outro, qualquer outro, de um lugar, do trabalho que esnoba ou mesmo de amizades hipócritas. O sol em minha vida fez a curva. Como brilhante dos bons se refez e enfeitou o céu da exclusiva e única felicidade. A que posso partilhar agora com mais serenidade, com a certeza da troca de excelência, não abro mão de ser como sou depois das esquinas que dobrei. Fui atrás. Torturei os desejos, mas eles me deram retorno. Perturbei a vocação de boboca e ela se colocou no seu lugar. Aqueci as turbinas da guerreira mulher que me fez melhor, lúcida. Afastei os contatos constantes que tiravam a concentração. Agora vejo o que aprovo. E entendi que precisava ser muito mais do que estava sendo para assumir quem sou. E venci. Em cada esquina um segredo, uma descoberta. As verdades que sobressaem e as mentiras que se esquivam porque não querem ser derrubadas. Enfim, contanto que o sol de minha vida permaneça, vou continuar virando cada uma delas e encontrando o que me faz bem, nada mais.

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